Há certas nomenclaturas que precisam ser esclarecidas para não embolar o meio de campo.
FEIRAS, FESTIVAIS E BIENAIS são eventos diferentes porque abrangem atividades diferentes e, no meio desses eventos estão os ESCRITORES RENOMADOS E OS INDEPENDENTES, que também possuem suas diferenças.
As feiras literárias promovem a visibilidade de escritores, livrarias e editoras através da venda de livros, isso não significa que não possa existir o foco de outras atividades.
Os festivais contemplam as atividades literárias como: oficinas, palestras, mesas de debates, saraus e o entrelaçar da literatura com o teatro, a dança, o cinema, não englobando necessariamente a venda.
As bienais são eventos que acontecem a cada dois anos e envolvem uma mistura enorme de grandes celebridades, influencers, YouTubers, nem sempre pertencentes ao nicho da literatura, comercialização de livros, a disputa por espaços de visibilidade por parte de editoras e, tem de tudo, mas muito pouco de literatura. É o que costumamos falar - A PARTE CONSUMISTA E VAIDOSA do meio LITERÁRIO.
Os escritores independentes deveriam ter seus espaços de protagonismo em todos esses eventos, mas como eles bancam com recursos próprios as suas obras e, todos saem ganhando pelos serviços envolvidos na publicação de um livro, menos o escritor, eles ficam sempre às margens, esperando pelas feiras de pequeno porte, onde possam mostrar sua ARTE, manifestar sua escrita, conhecer outros escritores e, obviamente, fazerem a venda dos seus livros.
Para os escritores independentes as BIENAIS há muito tempo são inalcançáveis, pois a cobrança de espaços de exposição é altíssima, para que as empresas organizadoras de eventos possam, com o alto valor cobrado do escritor independente, pagar as celebridades convidadas.
Portanto, nós, escritores tidos como “não renomados”, pois somos reconhecidamente desconhecidos, esperamos pelas FEIRAS LITERÁRIAS menores que é o nosso lugar de pertencimento.
Não existe feira literária sem ESCRITOR.
Depois de vários anos afastados da FLIV – Feira Literária de Varginha, nós, escritores, formadores da memória literária local, fomos convidados para participar da sua 8ª edição que acontecerá no início de julho, no FOYER AURÉLIA RUBIÃO, Teatro Capitólio.
Vale ressaltar que todos os escritores podem fazer sua inscrição por meio de formulário disponível no site da Fundação Cultural, até 22 de junho.
A organização ficou sob a responsabilidade de uma empresa organizadora de eventos contratada e da Fundação Cultural e estamos ansiosos para conhecer a programação que a curadoria está preparando.
O evento promete muitas atividades – apresentações de peças teatrais, palestras, show musical, pocket, presença de escritores renomados e de pessoas ligadas à LITERATURA, debates, homenageados, enfim, tudo o que é pertinente ao universo LITERÁRIO.
Esse ano vi o sofrimento e a desilusão de muitos escritores que não puderam participar nem como leitores, nas tradicionais BIENAIS, quanto mais como escritores.
Esperamos que o poder público, leitores e escritores saiam satisfeitos com o resultado da 8ª FLIV, e que sejam alcançados, de fato e de direito, os objetivos da DEMOCRATIZAÇÃO DA LITERATURA.
Que seja uma grande festa, onde possamos comemorar, verdadeiramente, o que nos é SAGRADO – a nossa escrita e a nossa persona artística, aquela que é sensível, criativa, suscetível e visceral.
A literatura é um monumento ao pensamento, uma tapeçaria de palavras que resiste ao tempo, transpõe espaços e interliga cenários e tessituras que jamais existiriam, se não fosse o ESCRITOR.
É preciso compreender que o artista necessita do poder público para promover sua ARTE e que nem tudo está ligado a projetos ou editais, mas sim em oportunidades, valorização da cultura de cada um, da cessão de equipamentos públicos, do fortalecimento das relações entre o órgão responsável pelas execuções culturais e os segmentos artísticos, sejam eles quais forem.
A APESUL e, creio que todos os escritores de Varginha e região, pois muitos escritores já se inscreveram, esperam por uma grande comemoração das LETRAS e que muitas feiras íveis possam continuar acontecendo para aumentar e tornar forte a classe de escritores que ainda não são reconhecidos, mas que são tão escritores quanto qualquer autor de Best Sellers, pois a arte é por si só subjetiva e mensurar ou qualificar a forma com que cada um constrói seu trabalho é destruir a legitimidade da LIBERDADE de criação de cada um.
O que existe dentro da ARTE é o afinamento, a empatia, a estética que cada leitor traz dentro de si, por questão de personalidade, de formação sistemática ou informal de cada um, mas no fim, todo escritor acaba tendo um leitor para sua escrita.
As FEIRAS LITERÁRIAS existem para que possamos encontrar nossos pares, conhecer suas obras, trocar figurinhas sobre os acontecimentos nos espaços da leitura e escrita, fazer convites para novos eventos, abraçar amigos que vemos somente nesses encontros e poder ter contato com leitores, afinal, quem escrever deseja ser lido.
Enquanto para uns é mais um evento, para nós é uma comunhão, geralmente sem precedentes, onde recebemos amigos, recarregamos as nossas baterias e esperamos pela próxima feira e o lugar onde ela acontecerá.
Parabéns à Fundação Cultural que nesse ano teve a intenção de incrementar o evento, trazer coisas novas sem deixar de fora os escritores varginhenses e estendendo o convite aos nossos amigos de outros lugares.
Que tudo seja motivo de confraternização.
Aguardem!!!
Divulgarei a programação em breve, pois estou tão curiosa quanto cada um de vocês.